Como já é de praxe, o
resultado de um processo criativo necessariamente precisa de uma crise e talvez aí resida a potência positiva de seu resultado... Racionalmente pude
compreender os motivos e razões do que estou passando nessa fase do projeto,
porém superar emocionalmente essa fase de crise é mais complexo...Essa semana
bateu aquela crise "básica" fortíssima de se sentir ator/atriz cocô (desculpe a palavra) e
uma sensação de impotência muito grande... Tudo tem sido tão intenso, Rio 40
graus ferve lá fora e aqui dentro de mim borbulha um misto de sensações....
tanto que na segunda (25) eu comecei a sentir todo o peso do que já foi feito, da
conquista, do que já foi criado, da saudade, um estafa físico-mental... estou
com muita pressão de tudo e não to conseguindo ministrar... pressão de ter tido
uma oportunidade de poucos e não me achar no direito de ter melindre, ou
"chilique" de processo criativo. Mas o fato é que estou exaurida
porque estou com o projeto 24 horas por dia na cabeça, não consigo relaxar...
Experimentando maquiagem em casa no domingo a noite |
Fui ao ensaio mas não fluiu muito
bem...a noite fui experimentar figurino, o que me deixou um tanto preocupada
pois faltava muito por fazer e a pré-estréia seria na quarta... No dia
seguinte, terça, novamente não consegui me acessar... Tive a visita de duas
alunas de Karla Concá para ver o trabalho, fiz uma passagem muito sem
energia... me senti culpada por isso, afinal elas foram lá para prestigiar meu
trabalho e as recebi assim... fiz uma passada tecnicamente bem acabada mas sem
energia... ao final do ensaio tudo veio a desabar...
Na conversa com Karla Concá,
Fernanda e Clarissa fui percebendo o quanto não estava bem nesse momento do
processo e eu estava tentando segurar... como Karla disse: está tudo
tecnicamente bom, faltou a diversão! E é isso mesmo... percebi essa semana que não
estava me divertindo como antes. A impressão é que cheguei num estado de não
aguentar mais o próprio trabalho...Ojerizou?! Perguntou minha amiga Elaine ao
ouvir minhas lamúrias... E cheguei a conclusão que sim, ojerizei, mas como? .
Tentei encontrar o que me causou esse desânimo, o que está me fazendo não mais
me divertir...
E o que me atormenta ainda mais é
isso, o fato de não achar justo ter esse tipo de sensação de um trabalho no
qual busquei tanto, no qual almejei, sonhei, que se tornou realidade e que está
bem bom... Porque nos boicotamos assim?! Isso piorou ainda mais a grande crise
que estou passando essa semana... tanto que consegui compartilhar no blog
somente hoje, que estou melhor...
Na terça a
noite, depois do ensaio, continuei a desabar no choro enquanto desabava a chuva
lá fora...fazia tempo que não chovia no Rio... 40 graus nas veias e vias! Minhas
amigas Lisa e Morgana me confortaram quando cheguei em casa, depois meu
namorado ao telefone, minha irmã também super me consolou pelo telefone, o
Daniel Olivetto pelo google talk e
mais tarde chorei ao fone com minha amiga e produtora local Elaine que está
sendo meus dois braços e coração no projeto, aliás, gostaria de compartilhar o
presente que ela me deu nesse momento de crise:
"Dri, hoje choveu na cidade e também
nos teus olhos, diante de tantos estímulos externos que te acometeram...
Mas... um milagre lindo ocorreu: hoje foi o
batismo da Curalina Fosfosol; as águas vieram como bálsamo pra tua
criatividade... tocaram a fronte da tua palhaça... e o "Vô me escondê aqui"
agora tem total sentido... Vc, que nunca foi só agora tem a sombra da tua
palhaça, que de tão engraçada, emociona... Deixa as águas cairem... tens o
guarda-chuva vermelho, tens uma porta pra adentrar... tens histórias pessoais
de pessoas de reinos distantes e antigos pra contar... e tens o mundo todo como
horizonte...
te amo!"
Sem palavras... mas, continuando o episódio
grande crise, depois de tanto chorar tentei detectar o motivo da estafa e o que
fazer pra solucionar. Foi quando cheguei a conclusão de que estava dando o
passo maior que a perna. Ao lembrar a fala de Fernanda (que foi visitar o
ensaio na terça) de que ela considera cada história um número, um espetáculo porque
ser palhaça já é uma demanda de energia muito grande, pude relembrar que no
início a proposta era ter escolhido somente uma das histórias para o processo.
Ocorre que acabei me empolgando e trabalhando sobre as três histórias e eis a
complexidade... Cheguei num limite e admiti que não consigo. Tomei a decisão de
abdicar de trabalhar sobre a "Dona Feia" agora e apresentar somente
uma das histórias a cada apresentação, primando mais pelo contato da Curalina
com o público do que somente a história em si. E também decidi que preciso de
um tempo do trabalho... ter uns dias para não pensar em nada e não
ensaiar...apesar de o dever me apontar a continuar, a fazer sempre mais, mas...
percebi que cheguei num limite que se ultrapasso daí sim não terei forças pra
fechar bem o projeto... Então decidi ter uns dias para me desligar... fazer
outras coisas porque só assim poderia me centrar novamente ao trabalho...
Na quarta
cheguei no ensaio e conversei com Karla Concá e Vera Ribeiro sobre essas
decisões e sobre meu estado de crise. Foi uma tarde reconfortante, porque
pudemos conversar, trocar experiências de crises e elas compreenderam muito meu
momento e respeitaram minhas decisões, apesar de eu ver a preocupação nos olhos
delas...
No fim a
pré-estréia de hoje foi remarcada para a outra quarta feira..e devido a toda a
tempestade, remarquei a estréia de sexta, 1/3 para terça dia 5/3
Hoje, sexta
(1/03) não consegui ensaiar, mas sinto meu ânimo voltando e a querência de encontrar
a Curalina novamente, apesar de ainda me apavorar um pouco com a dicotomia
entre seguir o roteiro e se divertir, lembrar todos os detalhes mas deixar a
palhaça realizar uma nova descoberta a cada apresentação, enfim, coisas que
atrizes e atores, palhaças e palhaços passam em todo processo criativo...
Mas vou
seguindo, tentando resgatar a confiança
em mim e no meu trabalho, para que eu possa fechar com chave de ouro essa etapa
do projeto aqui no Rio.
A semana que
vem está fechado a Estréia Terça (5/03) as 11 horas na Escola estadual Odyla do
Couto; Quarta (6/03) as 15 horas na Casa da Mulher Manguinhos e Sexta (8/03) as 13:15 no CEDIM -
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.
Meu coração se
infla em pensar nessa reta final... lá fora uma garoa que me lembra São Paulo,
mas são as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no meu
coração...
Curalina de TpM... pré espetaculo.
ResponderExcluirBeijus
Nice
gostei da sombraselha finas
ResponderExcluirchorei <3
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