terça-feira, 12 de março de 2013

Depois da tempestade, a bonança!





Depois de uma semana de crise pré-estréia, a semana passada enfim foi a estréia... São tantas coisas para compartilhar que o texto ficou um tanto longo... por isso decidi dividi-lo em sub-capítulos para não cansar a leitura... Um pouco do meu lado acadêmico mas sem deixar o caráter pessoal do relato dessa pesquisa hehe... É que nesta semana se encerrou a etapa do projeto aqui no Rio. A estréia aconteceu na terça (05/3), na quarta (06/3) teve mais uma apresentação e sexta (08/3) foi a última desta etapa. Como meu pai e minha mãe sempre me diziam: Depois da tempestade, a bonança! :D


Estréia e batismo da Curalina

Estréia na Escola Odyla do Couto 
A estréia na Escola Estadual Odyla do Couto foi gratificante! Depois de uma semana difícil essa semana está sendo um presente a todo esforço desprendido de todos que estão participando desta empreitada artística...





Só a viagem de trem até lá já foi singular. Conhecer arredores mais distantes da cidade maravilhosa... Fomos muito bem recebidos pela Escola... A diretora é daquelas (poucas) pedagogas que fazem a diferença numa situação tão delicada em que está a educação brasileira! E a contrapartida carinhosa dos jovens foi algo imensurável!

Do ponto de vista da pesquisa artística vimos que as gags da Curalina funcionaram, que o ritmo, apesar de ter sido melhor nos ensaios, precisa de ajustes e assim percebemos em que momento o ritmo se ralentou... Constatamos também que a palhaça consegue se sair das situações que se apresentam. Isso é o mais difícil e era o que mais me preocupava: ter perdido a Curalina... Em contato com o público vimos que a figura renasceu e parece forte... está consistente nesse sentido porque conseguiu jogar com o público, com o que propunham de inesperado! Surgiu namorado pra Curalina, filho com pente na cabeça, novas gags na hora em que a princesa se disfarça de príncipe dragão, etc... enfim, nervosismo sempre faz parte de qualquer estréia, tentei canalizá-lo e transformá-lo em energia pra cena e ao som de Queen (Don't stop me now) me aqueci, coloquei o tremor de estréia em movimento; ofereci esta apresentação a minha irmã que estava de aniversário neste dia e entrei em cena... saí dela melhor do que entrei! :D


Apresentação em Manguinhos - lição de hoje: Não dê foco pra quem te leva pra baixo na cena, sempre há quem quer trocar e é pra ela/e que você apresenta!

Da esq. para dir., Gigi, Eu (Drica), Karla e Vera no Parque Manguinhos

No camarim

No palco...




Teatro do Parque Manguinhos - Casa da Mulher


O espaço cultural Parque Manguinhos possui uma infra estrutura maravilhosa. Nem esperava que a apresentação iria ser num teatro, com todos os aparatos que uma caixa preta, um palco a italiana exige. Até mesmo porque a proposta é que o espetáculo seja o mais solto possível de condições técnicas para que eu possa levá-lo para as escolas e outros espaços alternativos. O objetivo é permitir que os "tentáculos" da arte da palhaçaria feminina alcance espaços geralmente não habitados por essa arte.

O teatro em Manguinhos é super bacana e fomos muito bem recebidos pelos técnicos do teatro. Tivemos um receio com a falta de público pois a coordenadora disse que havia divulgado mas que não conseguiu fechar com um público específico. Elaine Sallas, ótima para solucionar assuntos apavorantes de urgência foi até a escola a frente e conseguiu trazer algumas turmas para assistir. Entraram também outras crianças da comunidade que estavam ali no parque... resultado: Teatro lotado!

A apresentação foi boa no sentido de que me proporcionou desafios nos quais tive que solucionar em cena. Uns resolvi bem e outros não... como karla disse muitas vezes coloquei foco demais em quem estava me deixando pra baixo em cena, quase perdi tudo...  e nesses deslizes que pudemos estudar como então a palhaça deve seguir em determinados momentos, The Show must go on!! como disse Queen e relembrou Vera Ribeiro... Foi uma apresentação um tanto árdua. Saí bastante esgotada energeticamente falando... Mas o fato é que não foram o as dificuldades, ou a indisciplina de algumas crianças que me incomodaram mas sim o peso que elas, como crianças carregavam... o quanto algumas foram agressivas comigo e o quanto não era justo elas estarem nessa situação, terem aprendido isso num caminho ainda tão prematuro da vida... dava vontade de levá-las comigo e tentar apresentar algo diferente enquanto experiência, enquanto vida... a gente se sente impotente... Vontade de dar um tapa na cara de muito pai e muita mãe por aí... A maioria está se esquecendo da verdadeira responsabilidade de se ter um filho e compreendo que este problema é algo ainda maior que este pequeno fato. Tudo isso me veio a mente com essa apresentação... Tento pensar em como fazer minha parte, como palhaça... em não reproduzir e devolver a agressão a elas...como adoçá-las com o riso? Não sei se consegui...o que sei é que elas na saída do teatro  não paravam de me olhar... me abraçaram e me beijaram.... eu disse: agora vocês vem me beijar? Estavam me xingando lá dentro... E elas não disseram nada, só me olhavam e continuavam a me abraçar... nó na garganta me veio...


Melhor comemoração do Dia Internacional da Mulher!

Apresentação do CEDIM - entrada do auditório

Última apresentação e o coração já estava a mil logo pela manhã. Cheguei cedo no CEDIM (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher) local onde ensaiei e onde foi a última apresentação desta etapa. O lugar estava com uma aura muito linda pelo dia especial que era... Me acalmei... me embriaguei pela aura de força e alegria que estava no lugar... A conquista daquele espaço pelas mulheres, os mulherões que circulavam por lá, a alegria e a leveza de vida que toda mulher tem e a presença de Karla Concá e Vera na minha vida... me acalmei. Só queria agradecer! E tinha prometido pra mim mesma que colocaria todas as minhas forças na apresentação em agradecimento a tudo... prometi pra mim mesmo "fazer bonito" , me divertir!

O dia foi muito especial porque além de ter sido a apresentação que mais me soltei e me diverti, fiquei feliz em ter a presença de pessoas muito especiais que vieram prestigiar meu trabalho: Lisa e Morgana minhas amigas anjo que acompanharam todo o projeto pois me propiciaram a estadia aqui, minha cunhada Miriam que levou seu lindo sorrisão e meu novo amigo Guilherme, querido ator aqui do Rio... Dia especial também porque As Marias me deram a honra de contracenar com elas. Agradeço muito pela confiança e pela generosidade com que cederam seu espaço de apresentação, pois na verdade no programa estava previsto somente a apresentação de "Zabelinha", ótimo espetáculo do Grupo. As Marias da Graça são um exemplo de profissionalismo e humildade juntos que chega a ser surpreendente. Sério, não estaria "puxando o saco" se a experiência aqui não tivesse sido boa.

As vezes a gente como artista acha que tem que se submeter a grosseria ou falta de respeito porque "fulano" ou "cicrano" é alguém de referência em tal prática, é um diretor famoso ou tem um trabalho espetacular etc... e não basta só isso, educação e gentileza é sempre bom, ainda mais quando se tenta dividir uma experiência, ainda mais quando alguém confia o seu corpo, seu trabalho a você. Para mim como atriz prefiro uma busca artística profunda sim, mas sem dor... Tem muitos profissionais de arte que acabam se tornando referência em alguma prática, e se tornam arrogantes a ponto de achar que, ser grosseiro com quem o procura pra aprender é normal... de modo particular, não sei se a arte que essa pessoa faz é arte no sentido complexo do termo. Não gosto de separar a capacidade exímia de artista numa linguagem de seu caráter como pessoa, afinal o espaço da arte no mundo é de subversão... Por isso As Marias são um exemplo! São referências na arte da palhaçaria feminina e ao mesmo tempo mulheres incríveis! Que souberam ser exigentes sim, mas não grosseiras! Que possuem a sabedoria de estar aqui e ser artista sem arrogância, porque todos caminhamos juntos! Aprendi demais e se as chamo de mestras não é por acaso! Não é bajulação...

Passei por esse processo e finalizo essa etapa muito satisfeita com tudo! Com as facilidades e as dificuldades que me apresentaram! E digo que houve crise, houve exigência mas não dor, não houve sofrimento, porque tinha pessoas que estavam comigo para me fazer crescer e não sofrer. Saio dessa experiência mais dilatada como atriz e como mulher. Agradeço demais, demais todas vocês que se dedicaram a este projeto como se fossem seus... Karla, Elaine e Vera, meu sincero e profundo afeto! E todos que me apoiaram aqui no Rio! Morgana e Lisa, parceiras de vida e teatro, me receberam muito bem em sua casa! A todas as Marias da Graça por apoiarem meu projeto, por acreditarem nele e por me aceitarem em seu ponto de cultura! Que todas continuem assim, sempre fortes e lindas palhaças! Que continuem levando esperança para muitas mulheres, e homens também! Que continuem surpreendendo com o riso esse mundo cada vez mais choroso!
Agora parto eu e Curalina de volta pra Florianópolis para a segunda a etapa do projeto: re-estrear a comunidade em geral e apresentar em 12 escolas públicas da ilha. Aguarde ilha da magia porque eu "Vô me escondê aí!" 
Abaixo compartilho algumas fotos do grande dia:




Preparação
mulheres palhaças reunidas no dia da mulher

Eu, Lisa Brito e Ana Lua
Eu e Morgana Martins




A honra de contracenar com as mestras

Querida Lisa...






Geni Viegas

Vera Ribeiro

Karla Concá e Samanta Anciães








As Marias da Graça no Espetáculo: "Zabelinha"




7 comentários:

  1. Que delíciaaaaa!!! Parabéns amoreee!!!

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  2. Lindo! Chega para cá que eu quero ver bem de perto!!! Parabéns!!!!

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  3. Que vivência fabulosa, Drix! Importante você compartilhar que as hostilidades que as crianças reproduzem estão imbuídas de contradições: no final do espetáculo muitas abraçam e beijam; estavam refletindo seus ambientes familiares e sociais... E dona Elaine é batuta mesmo, saiu a cata de público! Tô curioso para brincar com a Curalina!

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  4. Vamos logo organizar uma apresentação aqui em Itajaí, ok?!

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  5. quero ver, quero ver... é urgente!
    beijus nice

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